Eu sei que o clima é de festa para a primeira presidentA do BrasiU, mas acontece que estou lendo “O Guia do Mochileiro das Galáxias” do brilhante Douglas Adams (NÃO ENTRE EM PÂNICO!) e tem uma passagem que ele define o que é o presidente do Governo Imperial Galático e é de um sarcasmo tão gostoso e sutil que não posso deixar de colocar neste dia tão “importante”: Só pra ressaltar que Adams é inglês, mas isso não modifica o sarcasmo com qualquer outro governo.

Presidente: o nome oficial do cargo é presidente do Governo Imperial Galático. O termo Imperial é mantido embora seja atualmente um anacronismo. O imperador hereditário está quase morto, há muitos séculos. Nos últimos instantes de seu coma, ele foi colocado num campo de estase, que o mantém num estado de imutabilidade perpétua. Todo os seus herdeiros já morreram há muito tempo, o que significa que, sem ter havido nenhuma grande convulsão política, o centro do poder foi deslocado de forma simples e eficaz para escalões inferiores, sendo agora aparentemente atribuição de um órgão cujos membros antes atuavam como simples conselheiros do imperador – uma assembleia governamental eleita, chefiada por um presidente eleito por ela. Na verdade, não é aí que está o poder, em absoluto.

O presidente, em particular, é simplesmente uma figura pública: não detém nenhum poder. Ele é aparentemente escolhido pelo governo, mas as qualidades que ele deve exibir nada têm a ver com liderança. Ele deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele exercer o poder, e sim desviar a atenção do poder. (…) Pouquíssimas pessoas sabem que o presidente e o governo praticamente não têm nenhum poder, e, dessas poquíssimas pessoas, apenas seis sabem onde é, de fato, exercido o verdadeiro poder político. A maioria das outras está convencida de que, em última instância, o poder é exercido por um computador. Elas não poderiam estar mais erradas.” (ADAMS, 2010, p. 35, grifo meu)